"A Engenharia moderna nasceu dentro dos Exércitos; a descoberta da pólvora e depois o prgresso da Artilharia obrigaram a uma completa modificação nas obras de fortificação, que, a partir do século XVII, paasaram a exigir profissionais habilitados para o seu planejamento e execução. As altas torres e as muralhas retas das fortificações medievais não proporcionavam mais uma boa defesa na era dos canhões, sendo substituídas por muralhas em ângulos geometricamente planejados de modo que cada face pudesse ser protegida. com isso a necessidade de realizar obras que fossem ao mesmo tempo sólidas e econômicas e, também, estradas, pontes e portos para fins miltares, forçou o surgimento dos dos Oficiais-Engenheiros e a criação dos Corpos especializados de Engenharia nos Exércitos" (Eng. Pedro da Silva Telles em História da Engenharia no Brasil)
As obras mais antigas de que se tem notícia são as fortificações da cidade de Jericó (8000 AC). O exército Romano, em 230 AC, já tinha uma tropa especializada em Engenharia, as chamadas "fabri", cujos oficiais cursavam uma escola de treinamento para construção de fortificações, estradas e pontes em todo o vasto Império Romano, e algumas ainda podem ser vistas nas regiões da Gália, Germânia, Britânia e norte dos Alpes.. A Engenharia Militar dos árabes e bizantinos deixou também suas marcas no norte da África e Espanha. Mais tarde (séc XVI), os franceses, que já despontavam como potência militar, criou tropas de Engenharia no seu Exército e contou com grandes Engenheiros Militares que são mais conhecidos hoje como matemáticos e físicos: General Belidor (La Science des Ingénieurs - 1729), Lagrange, Laplace, Prony, Fourier, Poisson, Monge (criador da geometria descritiva, destacou-se em combate aos 50 anos, criou a Ècole Polythechnique, refência, ainda hoje, de escola de Engenharia), Poncelet (foi prisioneiro de guerra e escreveu um tratado de geometria projetiva no cativeiro), Cauchy, Carnot (do ciclo de Carnot da termodinâmica), etc. Áustria, Rússia, Grâ-Bretanha, Prússia, Espanha, Portugal, etc, seguiram as mesmas tendências. Brasil e Estados Unidos, como colônias, também receberam a mesma influência. De forma que, no Brasil foi criada a terceira escola de Engenharia regular do mundo e primeira das Américas (Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho, em 1792), se bem que desde 1699, por ordem do rei de Portugal, já havia cursos de Engenharia no Brasil. nos Estados Unidos surgiu a segunda escla de Engenharia das Américas, a Academia Militar de West Point.
O termo "Engenheiro" significava "oficial que sabe arquitetura, militar, e dirige os trabalhos para o ataque e defesa de praças..." (Novo Dicionário da Língua Portuguesa - 1859). o termo "Engenheiro Militar", na época, era uma redundância, pois todos os Engenheiros eram militares. O termo "Engenheiro Civil", que atualmente designa a especialidade de Engenharia de Construção, segundo o Prof pedro da Silva Telles, foi usado pela primeira vez, pelo inglês John Smeaton, um dos descobridores do cimento Portland, para designar os profissionais que começavam a se dedicar a atividade de Engenharia, exclusivamente, fora dos Exércitos.
No Brasil, os Engenheiros Militares vindos de Portugal (os melhores, por ordem do rei de Portugal) e os já formados no Brasil, foram responsáveis por praticamente todas as grandes obras realizadas na época, tais como fortes, igrejas, mosteiros, estradas, arruamentos, edifícios públicos, obras de saneamento, etc. A maior obra da Engenharia Militar, projetada pelo grande Engenheiro português Brigadeiro Alpoim, foi o aqueduto do Rio de Janeiro, hoje conhecido como Arcos da Lapa.
Curiosidade: O Brasil pode se orgulhar por ter formado o primeiro Engenheiro não branco do mundo, o iminente André Rebouças ( que hoje dá nome ao túnel no RJ), herói da Guerra do Paraguai, da qual participou integralmente como Tenente do Corpo de Engenheiros, depois renomado Engenheiro e Professor. Dois de seus irmãos também se formaram Engenheiros na Escola Militar, em plena época da escravatura ( por volta de 1850). Abolicionista, tornou-se grande amigo de D. Pedro II, acompanhando-o no exílio. É uma das maiores provas de que o Exército e o Imperador não concordavam com a escravidão.
Fonte(s): História da Engenharia no Brasil, século XVI a XIX - Pedro Carlos da Silva Telles.


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